Como as empresas podem tirar o máximo proveito dos geodados

Nos países desenvolvidos, dois terços das decisões nos negócios e na administração pública são tomadas levando em conta geodados. Yulia Vorontsova, especialista em Everpoint, fala sobre os benefícios de “pontos no mapa” para vários setores

As novas tecnologias nos permitem explorar melhor o mundo ao nosso redor e, nas grandes cidades, sem um conhecimento especial sobre a população e os objetos ao seu redor, tornou-se quase impossível fazer negócios.

Empreendedorismo é tudo sobre pessoas. As pessoas mais sensíveis às mudanças no meio ambiente e na sociedade são os consumidores mais ativos de novos produtos. São eles os primeiros a aproveitar essas oportunidades, inclusive tecnológicas, que os novos tempos ditam.

Via de regra, estamos cercados por uma cidade com milhares de objetos. Para navegar no terreno, não basta mais apenas olhar ao redor e memorizar a localização dos objetos. Nossos assistentes não são apenas mapas com a designação de objetos, mas serviços “inteligentes” que mostram o que há por perto, traçam rotas, filtram as informações necessárias e colocam nas prateleiras.

Como era antes

Basta lembrar o que era um táxi antes do advento dos navegadores. O passageiro ligou para o carro e o motorista procurou sozinho o endereço certo. Isso transformava a espera em uma loteria: se o carro chegaria em cinco minutos ou em meia hora, ninguém sabia, nem o próprio motorista. Com o advento de mapas e navegadores "inteligentes", não apareceu apenas uma maneira conveniente de pedir um táxi - por meio do aplicativo. Surgiu uma empresa que se tornou um símbolo da época (estamos falando, claro, do Uber).

O mesmo pode ser dito sobre muitas outras áreas de negócios e processos de negócios. Com a ajuda de navegadores e aplicativos para viajantes que usam geodados em seu trabalho, viajar para diferentes países por conta própria não se tornou mais difícil do que procurar um café em uma área vizinha.

Anteriormente, a grande maioria dos turistas recorria aos operadores turísticos. Hoje, é mais fácil para muitas pessoas comprar uma passagem de avião por conta própria, escolher um hotel, planejar uma rota e comprar passagens online para visitar atrações populares.

Como está agora

De acordo com Nikolay Alekseenko, Diretor Geral da Geoproektizyskaniya LLC, nos países desenvolvidos, 70% das decisões em negócios e administração pública são tomadas com base em geodados. Em nosso país, o número é significativamente menor, mas também crescente.

Já é possível destacar vários setores que estão mudando significativamente sob a influência dos geodados. A análise profunda de geodados dá origem a novas áreas de negócios, como o geomarketing. Em primeiro lugar, isso é tudo relacionado ao varejo e ao setor de serviços.

1. Varejo situacional

Por exemplo, já hoje você pode escolher o melhor local para abrir um negócio de varejo com base em dados sobre os moradores da área, sobre concorrentes nessa área, sobre acessibilidade de transporte e sobre grandes pontos de atração de pessoas (shopping centers, metrô, etc. .).

O próximo passo são novas formas de comércio móvel. Podem ser pequenas empresas individuais e novas direções para o desenvolvimento de cadeias de lojas.

Sabendo que o bloqueio da via levará ao aumento do tráfego de pedestres ou veículos na área vizinha, você pode abrir uma loja móvel com os produtos certos ali.

Com a ajuda de dados geográficos de smartphones, também é possível acompanhar a mudança sazonal nas rotas habituais das pessoas. Grandes redes globais de varejo já estão aproveitando essa oportunidade.

Assim, nas baías e marinas turcas, onde os viajantes em iates param para passar a noite, muitas vezes você pode ver barcos - lojas da grande rede francesa Carrefour. Na maioria das vezes, eles aparecem onde não há loja na praia (fechada ou muito pequena), e o número de barcos atracados e, portanto, de potenciais compradores é suficiente.

Grandes redes no exterior já utilizam dados de clientes que estão atualmente na loja para fazer ofertas de descontos individuais ou avisar sobre promoções e novos produtos. As possibilidades do geomarketing são quase infinitas. Com ele, você pode:

  • rastrear a localização dos usuários e oferecer a eles o que eles procuravam anteriormente;
  • desenvolver navegação individual em shopping centers;
  • memorizar lugares de interesse de uma pessoa e anexar frases a eles – e muito mais.

Em nosso país, a direção está apenas começando a se desenvolver, mas não tenho dúvidas de que esse é o futuro. No Ocidente, existem várias empresas que prestam esses serviços, essas startups atraem milhões de dólares em investimentos. Pode-se esperar que os análogos domésticos não estejam muito longe.

2. Construção: vista superior

A conservadora indústria da construção agora também precisa de geodados. Por exemplo, a localização de um complexo residencial em uma grande cidade determina seu sucesso junto aos compradores. Além disso, o canteiro de obras deve ter infraestrutura desenvolvida, acessibilidade de transporte e assim por diante. Os serviços de geoinformação podem ajudar os desenvolvedores a:

  • determinar a composição aproximada da população em torno do futuro complexo;
  • pense sobre os caminhos da entrada para ele;
  • encontrar terreno com tipo de construção permitido;
  • coletar e analisar toda uma gama de dados específicos necessários ao coletar todos os documentos necessários.

Este último é especialmente relevante, pois, de acordo com o Institute for Urban Economics, em média, 265 dias são gastos em todos os procedimentos de projeto na área de construção de moradias, dos quais 144 dias são gastos apenas na coleta de dados iniciais. Um sistema que otimize esse processo com base em geodados seria uma inovação marcante.

Em média, todos os procedimentos de projeto de construção levam cerca de nove meses, cinco dos quais são gastos apenas na coleta de dados iniciais.

3. Logística: o caminho mais curto

Os sistemas de geoinformação são úteis na criação de centros de distribuição e logística. O preço de um erro na escolha de um local para tal centro é muito alto: é uma grande perda financeira e interrupção dos processos de negócios de todo o empreendimento. Segundo dados não oficiais, cerca de 30% dos produtos agrícolas cultivados em nosso país estragam antes mesmo de chegar ao comprador. Pode-se supor que centros logísticos desatualizados e mal localizados desempenham um papel significativo nisso.

Tradicionalmente, existem duas abordagens para escolher sua localização: próximo à produção ou próximo ao mercado de vendas. Há também uma terceira opção de compromisso – em algum lugar no meio.

Porém, não basta levar em conta apenas a distância até o local de entrega, é importante estimar com antecedência o custo do transporte de um ponto específico, bem como a acessibilidade do transporte (até a qualidade das estradas). Às vezes, pequenas coisas são importantes, por exemplo, a presença de uma oportunidade próxima para consertar um caminhão quebrado, locais para os motoristas descansarem na rodovia, etc. Todos esses parâmetros são fáceis de rastrear com a ajuda de sistemas de informações geográficas, escolhendo o melhor localização do futuro complexo de armazéns.

4. Bancos: segurança ou vigilância

No final de 2019, o Otkritie Bank anunciou que estava começando a introduzir um sistema de geolocalização multifuncional. Com base nos princípios do aprendizado de máquina, ele preverá o volume e determinará o tipo de transações mais demandadas em cada escritório em particular, além de avaliar pontos promissores para abertura de novas agências e colocação de caixas eletrônicos.

Supõe-se que no futuro o sistema também irá interagir com o cliente: recomendar escritórios e caixas eletrônicos com base na análise dos geodados do cliente e sua atividade transacional.

O banco apresenta essa função como uma proteção adicional contra fraudes: se a operação no cartão do cliente for realizada de um ponto atípico, o sistema solicitará uma confirmação adicional do pagamento.

5. Como tornar o transporte um pouco “mais inteligente”

Ninguém trabalha mais com dados espaciais do que as empresas de transporte (seja de passageiros ou de carga). E são essas empresas que precisam dos dados mais atualizados. Em uma época em que o fechamento de uma estrada pode paralisar o movimento de uma metrópole, isso é especialmente importante.

Com base em apenas um sensor GPS/GLONASS, hoje é possível identificar e analisar uma série de parâmetros importantes:

  • congestionamento rodoviário (análise de engarrafamentos, causas e tendências de congestionamento);
  • trajetórias típicas para contornar engarrafamentos em setores individuais da cidade;
  • busca de novos locais de emergência e cruzamentos mal regulamentados;
  • detecção de falhas em instalações de infra-estrutura urbana. Por exemplo, comparando dados de 2 a 3 mil vias de trajetos percorridos por caminhões na mesma avenida durante o mês, pode-se detectar problemas na via. Se, com uma via vazia em via de circunvalação, o condutor, a julgar pela via, preferir optar por outra passagem, embora mais carregada, este deve ser o ponto de partida para a formação e teste da hipótese. Talvez outros carros estejam estacionados muito largos nesta rua ou os fossos sejam muito fundos, nos quais é melhor não cair mesmo em baixas velocidades;
  • sazonalidade;
  • a dependência do volume de pedidos da transportadora com o rendimento, o bom tempo, a qualidade das estradas em determinados assentamentos;
  • condição técnica das unidades, peças consumíveis em veículos.

A Sociedade Alemã de Cooperação Internacional (GIZ) apresentou uma previsão de que, em um futuro próximo, fabricantes de consumíveis de transporte, como a fabricante de pneus Michelin, não venderão produtos, mas “big data” sobre a quilometragem real dos veículos com base nos sinais gerados por sensores nos próprios pneus.

Como funciona? O sensor envia um sinal ao centro técnico sobre o desgaste e a necessidade de troca antecipada do pneu, e aí é formado imediatamente o chamado contrato inteligente para o próximo trabalho de troca do pneu e sua compra. É para este modelo que os pneus de aeronaves são vendidos hoje.

Na cidade, a densidade do fluxo de tráfego é maior, o comprimento dos trechos é menor e muitos fatores influenciam o próprio movimento: semáforos, tráfego de mão única, fechamento rápido de vias. As grandes cidades já estão usando parcialmente sistemas de gerenciamento de tráfego do tipo cidade inteligente, mas sua implementação é irregular, especialmente em estruturas corporativas. Para obter informações realmente relevantes e confiáveis, são necessários sistemas mais complexos.

A Rosavtodor e várias outras empresas públicas e privadas já estão desenvolvendo aplicativos que permitem aos motoristas enviar dados sobre novos buracos para as empresas rodoviárias com um clique. Esses mini-serviços são a base para melhorar a qualidade de toda a infraestrutura da indústria.

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