Psicologia

Autor: Yu.B. Gippenreiter

Quais são os critérios necessários e suficientes para uma personalidade formada?

Usarei as considerações sobre este assunto do autor de uma monografia sobre o desenvolvimento da personalidade em crianças, LI Bozhovich (16). Essencialmente, ele destaca dois critérios principais.

Primeiro critério: uma pessoa pode ser considerada uma pessoa se houver uma hierarquia em seus motivos em um certo sentido, ou seja, se ela for capaz de superar seus próprios impulsos imediatos por causa de outra coisa. Nesses casos, diz-se que o sujeito é capaz de um comportamento mediado. Ao mesmo tempo, supõe-se que os motivos pelos quais os motivos imediatos são superados são socialmente significativos. São sociais em origem e significado, ou seja, são estabelecidos pela sociedade, criados em uma pessoa.

O segundo critério necessário da personalidade é a capacidade de administrar conscientemente o próprio comportamento. Essa liderança é realizada com base em motivos-objetivos e princípios conscientes. O segundo critério difere do primeiro porque pressupõe precisamente a subordinação consciente dos motivos. O comportamento simplesmente mediado (o primeiro critério) pode basear-se numa hierarquia de motivos formada espontaneamente, e mesmo numa «moral espontânea»: uma pessoa pode não ter consciência de quê? fez com que ele agisse de uma certa maneira, mas agisse bastante moralmente. Assim, embora o segundo signo também se refira ao comportamento mediado, é justamente a mediação consciente que é enfatizada. Pressupõe a existência da autoconsciência como instância especial da personalidade.

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O quarto estava em ruínas, mas a garota dobrou o guardanapo.

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Para entender melhor esses critérios, vamos examinar um exemplo contrastante – a aparência de uma pessoa (criança) com um atraso muito forte no desenvolvimento da personalidade.

Este é um caso bastante único, diz respeito à famosa (como nossa Olga Skorokhodova) surda-cega-muda americana Helen Keller. A Helen adulta tornou-se uma pessoa bastante culta e muito educada. Mas aos 6 anos, quando a jovem professora Anna Sullivan chegou à casa dos pais para começar a ensinar a menina, ela era uma criatura completamente incomum.

A essa altura, Helen estava muito bem desenvolvida mentalmente. Seus pais eram pessoas ricas, e Helen, sua única filha, recebia toda atenção. Como resultado, ela levava uma vida ativa, era bem versada na casa, corria pelo jardim e pelo jardim, conhecia animais domésticos e sabia usar muitos utensílios domésticos. Ela era amiga de uma menina negra, filha de uma cozinheira, e até se comunicava com ela em uma linguagem de sinais que só eles entendiam.

E, ao mesmo tempo, o comportamento de Helen era uma imagem terrível. Na família, a menina estava muito arrependida, eles a satisfaziam em tudo e sempre cediam às suas exigências. Como resultado, ela se tornou a tirana da família. Se ela não conseguia alcançar algo ou mesmo ser simplesmente compreendida, ficava furiosa, começava a chutar, arranhar e morder. Quando o professor chegou, esses ataques de raiva já haviam se repetido várias vezes ao dia.

Anna Sullivan descreve como aconteceu seu primeiro encontro. A moça estava esperando por ela, pois foi avisada sobre a chegada do convidado. Ouvindo passos, ou melhor, sentindo a vibração dos passos, ela, inclinando a cabeça, correu para o ataque. Anna tentou abraçá-la, mas com chutes e beliscões, a garota se libertou dela. No jantar, o professor estava sentado ao lado de Helen. Mas a garota geralmente não se sentava em seu lugar, mas dava a volta na mesa, colocando as mãos nos pratos de outras pessoas e escolhendo o que ela gostava. Quando sua mão estava no prato do convidado, ela recebeu um golpe e foi forçada a se sentar em uma cadeira. Pulando da cadeira, a menina correu para seus parentes, mas encontrou as cadeiras vazias. A professora exigia com firmeza a separação temporária de Helen da família, que estava completamente sujeita aos seus caprichos. Assim, a menina foi entregue ao poder do «inimigo», cujas lutas continuaram por muito tempo. Qualquer ação conjunta — vestir-se, lavar-se, etc. — provocava nela ataques de agressão. Uma vez, com um golpe no rosto, ela arrancou dois dentes da frente de um professor. Não havia dúvida de nenhum treinamento. “Foi necessário primeiro controlar seu temperamento”, escreve A. Sullivan (citado em: 77, pp. 48-50).

Assim, usando as ideias e sinais analisados ​​acima, podemos dizer que até os 6 anos de idade, Helen Keller quase não teve desenvolvimento de personalidade, pois seus impulsos imediatos não só não foram superados, como até foram cultivados em certa medida por adultos indulgentes. O objetivo da professora — «controlar o temperamento» da menina — e pretendia iniciar a formação de sua personalidade.

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