Psicologia

O desejo de um dos parceiros de passar as férias separadamente pode causar ressentimentos e mal-entendidos no outro. Mas essa experiência pode ser útil para refrescar os relacionamentos, diz a especialista em psicologia britânica Sylvia Tenenbaum.

Linda sempre espera ansiosa por sua semana de férias. Oito dias sozinha, sem filhos, sem o marido com quem convive há trinta anos. Nos planos: massagem, ida ao museu, passeios nas montanhas. “O que te faz feliz”, diz ela.

Seguindo o exemplo de Linda, muitos casais decidem passar as férias separados um do outro. Alguns dias, uma semana, talvez mais. Esta é uma chance de tirar um tempo e ficar sozinho consigo mesmo.

Saia da rotina

“É tão bom estar entre os homens, fora da vida juntos”, explica Sebastian, 30 anos. Assim que a oportunidade se apresenta, ele sai por uma semana na companhia de amigos. Ele e sua esposa Florence estão juntos há dois anos, mas o ambiente e os hábitos dela parecem muito calmos e moderados para ele.

Rompendo com a rotina habitual, o casal parece regressar à fase inicial da relação: telefonemas, cartas

Cada um de nós tem seus próprios gostos. Eles não precisam ser compartilhados entre os parceiros. Essa é a beleza da segregação. Mas também tem um valor mais profundo, diz a psicoterapeuta Sylvia Tenenbaum: “Quando vivemos juntos, começamos a nos esquecer de nós mesmos. Aprendemos a dividir tudo por dois. Mas o outro não pode nos dar tudo o que queremos. Alguns desejos permanecem insatisfeitos.» Rompendo com a rotina habitual, o casal parece voltar ao estágio inicial do relacionamento: telefonemas, cartas, até manuscritas — por que não? Quando um parceiro não está por perto, isso nos faz sentir momentos de intimidade com mais intensidade.

Recuperar

Aos 40 anos, Jeanne adora viajar sozinha. Ela está casada há 15 anos e, na metade do tempo, saiu de férias sozinha. “Quando estou com meu marido, sinto uma conexão profunda com ele. Mas quando saio de férias, tenho que me afastar da minha terra natal, do trabalho e até mesmo dele. Preciso descansar e me recuperar.» Seu marido acha difícil aceitar. «Passaram-se anos até que ele pudesse perceber que eu não estava a tentar fugir.»

Normalmente feriados e férias são o tempo que dedicamos uns aos outros. Mas Sylvia Tenenbaum acredita que é preciso se separar de vez em quando: “É uma lufada de ar fresco. Não necessariamente a razão pela qual a atmosfera em um casal se tornou sufocante. Ele apenas permite que você relaxe e passe um tempo sozinho com você mesmo. No final, aprendemos a apreciar mais a vida juntos.”

Encontre sua voz novamente

Para alguns casais, esta opção é inaceitável. E se ele (ela) encontrar alguém melhor, eles pensam. O que é falta de confiança? “É triste”, diz Sylvia Tenenbaum. “Em um casal, é importante que todos se amem, se conheçam e possam existir de maneira diferente, exceto pela intimidade com um parceiro.”

Férias separadas — uma oportunidade de se redescobrir

Essa opinião é compartilhada por Sarah, de 23 anos. Ela está em um relacionamento há seis anos. Neste verão, ela está saindo com um amigo por duas semanas, enquanto seu amante faz uma viagem à Europa com amigos. “Quando vou a algum lugar sem meu homem, me sinto mais independenteSara admite. — Eu confio apenas em mim e mantenho uma conta apenas para mim. Eu me torno mais proativo.»

Umas férias separadas são uma oportunidade de se distanciar um pouco um do outro, literal e figurativamente. Uma oportunidade de nos encontrarmos novamente, um lembrete de que não precisamos de outra pessoa para realizar nossa inteireza. “Não amamos porque precisamos”, conclui Sylvia Tenenbaum. Precisamos porque amamos.

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