Estresse, um freio na gravidez: difícil engravidar quando estressado

Estresse, um freio na gravidez: difícil engravidar quando estressado

Estresse, flagelo dos tempos modernos, é um obstáculo quando se quer engravidar? Embora os estudos tendam a confirmar o impacto do estresse na fertilidade, os mecanismos envolvidos ainda não são claramente compreendidos. Mas uma coisa é certa: para engravidar rapidamente, é melhor administrar bem o estresse.

O estresse diminui as chances de engravidar?

Os estudos tendem a confirmar o impacto negativo do estresse na fertilidade.

Para avaliar o impacto do estresse sobre os problemas de fertilidade, pesquisadores americanos acompanharam 373 casais por um ano que estavam iniciando seus testes com bebês. Os pesquisadores mediram regularmente dois marcadores de estresse na saliva, cortisol (mais representativo do estresse físico) e alfa-amilase (estresse psicológico). Os resultados, publicados na revista Reprodução humana, mostrou que se a maioria das mulheres tivesse engravidado durante esses 12 meses, em mulheres com a maior concentração de alfa-amilase na saliva, a probabilidade de conceber foi reduzida em 29% com cada ciclo em comparação com mulheres com um baixo nível deste marcador ( 1).

Outro estudo publicado em 2016 na revista Anais de Epidemiologia também tentou quantificar os efeitos do estresse na fertilidade. De acordo com análises estatísticas, a probabilidade de engravidar foi 46% menor entre as participantes que se sentiram estressadas durante o período de ovulação (2).

Em humanos também, o estresse teria um impacto na fertilidade. De acordo com um estudo publicado em 2014 em Fertilidade e esterilidade, o estresse pode levar à diminuição dos níveis de testosterona, com impacto na quantidade e qualidade (mobilidade, vitalidade, morfologia do esperma) dos espermatozoides (3).

As ligações entre estresse e infertilidade

Não há consenso científico sobre os mecanismos de ação entre estresse e fertilidade, apenas hipóteses.

O primeiro é hormonal. Vale lembrar que o estresse é uma reação natural do organismo que, ao se deparar com um perigo, acionará diversos mecanismos de defesa. Sob estresse, o eixo hipotálamo-hipófise-adrenal é estimulado. Em seguida, secreta uma quantidade de hormônios chamados glicocorticóides, incluindo o cortisol, o hormônio do estresse. O sistema simpático, por sua vez, desencadeia descargas de adrenalina, hormônio que permitirá ao corpo se colocar em estado de vigilância e extrema reatividade. Quando esse sistema de proteção natural, que é o estresse, é muito usado, o perigo é interromper as secreções hormonais, inclusive as de reprodução.

  • nas mulheres : o hipotálamo secreta o hormônio liberador de gonadotrofina (GnRH), um neurohormônio que, por sua vez, age na glândula pituitária, uma glândula que secreta o hormônio folículo estimulante (FSH) essencial para a maturação dos folículos ovarianos, e o hormônio luteinizante (LH), que desencadeia a ovulação. A hiperativação do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal sob estresse pode levar à inibição da produção de GnRH, com consequências para a ovulação. Durante o estresse, a hipófise também secreta quantidades aumentadas de prolactina. No entanto, esse hormônio também pode ter efeito sobre as secreções de LH e FSH.
  • em humanos: a secreção de glicocorticóides poderia reduzir a secreção de testosterona, com impacto na espermatogênese.

O estresse também pode afetar indiretamente a fertilidade:

  • por ter impacto na libido, pode estar na origem de uma diminuição na frequência das relações sexuais e, portanto, nas chances de conceber a cada ciclo;
  • em algumas mulheres, o estresse leva à compulsão alimentar e ao excesso de peso, mas as células de gordura perturbam o equilíbrio hormonal;
  • algumas pessoas, sob o efeito do estresse, tendem a aumentar o consumo de café, álcool, tabaco ou mesmo drogas, mas todas essas substâncias são reconhecidas como prejudiciais à fertilidade.

Quais são as soluções para evitar o estresse e conseguir engravidar?

O controle do estresse começa com um estilo de vida saudável, começando com atividade física regular, cujos benefícios se mostraram benéficos para o bem-estar físico e mental. Uma alimentação equilibrada também é um ponto chave. Ácidos graxos ômega 3, alimentos ricos em carboidratos com baixo índice glicêmico, vitaminas do grupo B e magnésio são particularmente importantes na luta contra o estresse.

O ideal seria conseguir eliminar as fontes de estresse, mas infelizmente nem sempre é possível. Portanto, resta aprender a administrar esse estresse e lidar com ele. Várias práticas que se mostraram eficazes no gerenciamento do estresse:

  • relaxamento
  • meditação e mais especificamente MBSR (Mindfulness Based Stress Reduction);
  • sofrologia;
  • a ioga;
  • hipnose

Cabe a cada pessoa encontrar o método que mais lhe convier.

As consequências do estresse durante a gravidez

O estresse significativo durante a gravidez pode ter consequências para o bom andamento da gravidez e para a saúde do bebê.

Um estudo da Inserm mostrou que quando um evento particularmente estressante (luto, separação, perda do emprego) afetou a futura mãe durante a gravidez, seu filho teve um risco aumentado de se tornar asmático ou de desenvolver outras chamadas patologias. 'Atópico', como rinite alérgica ou eczema (4).

Um estudo holandês, publicado em 2015 em Psiconeuroendocrinologia, quando ela mostrou que o estresse significativo durante a gravidez pode interferir no bom funcionamento do intestino do bebê. Em questão: uma flora intestinal alterada, com em recém-nascidos de mães estressadas, mais bactérias nocivas Proteobactérias e menos bactérias boas, como bifídios (5).

Aqui, novamente, não sabemos exatamente os mecanismos envolvidos, mas a via hormonal é privilegiada.

Mas se é bom estar atento aos efeitos nocivos do estresse durante a gravidez, tome cuidado para não fazer com que as futuras mães se sintam culpadas, muitas vezes já debilitadas neste período de grande mudança psicológica que é a gravidez.

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