Vamos classificar as coisas que deixam as crianças felizes (ou histéricas):
1. Abra os presentes de Natal.
2. Abra os presentes de aniversário.
3. Mergulhe em uma piscina.
O problema é que os humanos, mesmo que tenham passado nove meses em seu líquido amniótico, não podem nadar ao nascer. Além disso, quando chega o verão, com suas praias e piscinas, o pai responsável quer garantir a segurança de seu filho ensinando-lhe o básico do nado peito ou costas. Pessoalmente, eu planejava registrá-lo para nadadores bebês, mas, finalmente, esquecemos, o tempo voa muito rápido.
Então, cá estamos nós na beira da piscina com uma criança de 3 anos, na hora das instruções.
- Você pode entrar na água, mas apenas com as braçadeiras e na presença de um adulto.
A criança fica horas brincando na piscina, agarrada ao pai, que a incentiva, mostra como chutar e colocar a cabeça debaixo d'água. Momento privilegiado, felicidade simples. Mesmo que, depois de um tempo, você não possa mais ser feliz. É feriado, só queremos tomar sol em uma espreguiçadeira.
- Quero nadar sozinha com as braçadeiras, declara a criança um belo dia (no ano seguinte, aliás).
Os pais agradecem a Deus, que inventou as bóias para permitirem a leitura de um livro pépouze enquanto a criança rema em segurança. Mas a tranquilidade nunca é adquirida e, algum tempo depois, a criança formula:
- Como você nada sem braçadeiras?
O pai então retorna para a piscina.
- Vamos tentar a prancha primeiro, filho.
Apoiada nas mãos paternas, a criança se acomoda nas costas, braços e pernas em uma estrela.
- Estimule seus pulmões.
O pai tira a mão.
Depois, um segundo.
E a criança afunda.
É normal, não funciona na primeira vez. Nós pescamos.
Após algumas tentativas, o pai retira as mãos e a criança flutua, com um sorriso no rosto. O carinhoso pai (embora vigilante) grita para a mãe “filma, filma, droga, olha, o nosso filho sabe nadar, bem quase” o que reforça o orgulho da criança, que é imenso, mas não tanto quanto o do pai . .
Para comemorar, é hora de pedir dois mojitos (e uma granadina para o pequenino, por favor).
Próxima manhã. 6h46
- Pai, vamos nadar?
O pai, que ainda tem vestígios de mojito no sangue, explica aos entusiasmados descendentes que a piscina só abre às 8h. A criança acena com a cabeça.
Então, às 6h49, ele pergunta:
- São 8 horas? Vamos nadar?
Não podemos culpá-lo. Ele quer usar suas novas habilidades.
Às 8 horas em ponto, a criança pula na água, pula, flutua, chuta os pés. Ele está avançando. Atravesse a piscina na sua largura. Sozinho. Sem braçadeiras. Ele nada. Em 24 horas, ele deu um salto quântico. Que melhor metáfora para a educação? Carregamos um ser juvenil, o acompanhamos e ele vai se distanciando gradativamente, agarrando sua autonomia para ir, cada vez mais longe, no cumprimento de seu destino.