O que nossa atitude em relação aos outros diz sobre nós?

Se você quiser saber mais sobre alguém, basta observar como essa pessoa se relaciona com os outros. Afinal, quanto mais respeitamos e amamos a nós mesmos, com mais cuidado e carinho tratamos nossos entes queridos.

Lendo outra história sobre violência doméstica, um amigo disse irritado: “Eu absolutamente não consigo entender o que está acontecendo em seus cérebros! Como é possível, por um lado, zombar de uma pessoa assim, e por outro, aguentar tanto tempo?! É meio louco.»

Quando encontramos comportamentos em outras pessoas que não podemos explicar, muitas vezes falamos de sua insanidade ou estupidez. É difícil penetrar na consciência de outra pessoa, e se você mesmo não se comporta como aquele que não entende, tudo o que resta é encolher os ombros em perplexidade. Ou ainda tente com a ajuda da lógica e da sua própria experiência encontrar a resposta: por quê?

Nessas buscas, pode-se contar com o princípio descoberto há muito tempo por psicólogos e filósofos: na comunicação com o outro, não podemos nos elevar acima do nível das relações com nós mesmos.

A vítima tem seu próprio tirano interior, que a aterroriza, privando-a do direito ao respeito próprio.

Em outras palavras, como tratamos os outros indica como tratamos a nós mesmos. Aquele que constantemente envergonha os outros tem vergonha de si mesmo. Aquele que derrama ódio sobre os outros odeia a si mesmo.

Há um paradoxo bem conhecido: muitos maridos e esposas que aterrorizam suas famílias sentem que não são agressores poderosos, mas vítimas infelizes daqueles a quem atormentam. Como isso é possível?

O fato é que dentro da psique desses tiranos já existe um tirano interior, e ele, completamente inconsciente, zomba daquela parte de sua personalidade que é acessível à consciência. Eles não podem ver esse tirano interior, ele é inacessível (assim como não podemos ver nossa aparência sem um espelho), e projetam essa imagem em quem está próximo.

Mas a vítima também tem seu próprio tirano interior, que a aterroriza, privando-a do direito ao auto-respeito. Ela não vê valor em si mesma, então os relacionamentos com um verdadeiro tirano externo se tornam mais importantes do que o bem-estar pessoal.

Quanto mais nos sacrificamos, mais exigimos dos outros.

A regra “assim como consigo mesmo, também com os outros” é verdadeira em um sentido positivo. Cuidar de si começa a cuidar dos outros. Ao respeitar nossos próprios desejos e necessidades, aprendemos a respeitar os outros.

Se nos recusarmos a cuidar de nós mesmos, dedicando-nos completamente aos outros, também negaremos aos que nos rodeiam o direito de cuidar de nós mesmos sem nós. Assim nasce o desejo de “estrangular com cuidado” e “fazer o bem”. Quanto mais nos sacrificamos, mais exigimos dos outros.

Então, se eu quiser entender o mundo interior de outra pessoa, eu observo como ela trata os outros.

E se eu quiser ver algo em mim, vou prestar atenção em como sou com as outras pessoas. E se é ruim com as pessoas, parece que estou fazendo “mau” comigo antes de tudo. Porque o nível de comunicação com os outros é determinado principalmente pelo nível de comunicação consigo mesmo.

Deixe um comentário