Psicologia

Você não sabia que seria diferente. Mais pesado. E mais difícil. Yoga não é sobre posturas, é sobre treinar seu futuro.

1. A vida é uma luta

Isso é o que você entenderá em primeiro lugar quando começar a fazer uma atividade tão “tranquila” como a ioga. O que acontece no tapete de ioga, na verdade, é a personificação de tudo o que nos acontece na vida: nosso relacionamento conosco mesmos, nossos medos, limites e limitações. A forma como nos comparamos com os outros.

Os músculos doem por causa do esforço, a respiração é ofegante, o suor parece se acumular nas sobrancelhas. E embora essa luta seja física, saiba que ao mesmo tempo uma grande luta está ocorrendo em seu cérebro.

2. O desejo de se comparar com os outros

Uma coisa é ver belas fotos na Web (especialmente uma foto de uma pessoa sentada em posição de lótus contra um pôr do sol), e outra bem diferente quando você vem para a aula e está cercado por uma sala inteira de pessoas reais sentadas nesta posição. Bonito e não tão bonito. A comparação assume muitas formas, e sua tarefa é aprender a lidar com elas.

Você falha e se sente como uma estátua de pedra rígida. Ou ainda aconteceu, mas o corpo exige sair dessa posição insuportável o mais rápido possível. E você começa a negociar com ele: “Vou ficar o tempo que esse cara estiver do meu lado, e assim que ele terminar, eu acabo também, ok?” Ou alguém desmaiou ali perto, e você pensa: isso é difícil, nem vou tentar.

Yoga é uma disciplina, mental e física. E um dos maiores desafios que ela lança em você é manter a mente e o corpo dentro dos limites do seu tapete. Não é por acaso que muitos exercícios são realizados com os olhos semicerrados.

O que acontece com você no tatame é um treinamento de como você se comporta fora das paredes do salão

Tudo o que lhe diz respeito é você mesmo. Tudo o que acontece a dez centímetros de você já é um mundo diferente e uma pessoa diferente. Ele não pode incomodá-lo ou distraí-lo.

Competimos apenas com nós mesmos. Não importa se o seu vizinho ou a sala inteira está olhando para você. Esta pose funcionou para você da última vez e não funcionou hoje. Sim, esta é a prática de yoga. Você é influenciado por muitos fatores internos e externos, e o que foi alcançado ontem tem que ser alcançado novamente todas as vezes.

3. Há felicidade. Mas talvez não

Um dos objetivos do yoga é colocar em movimento a energia acumulada em seu corpo, para permitir que ela circule. As emoções de nossas experiências anteriores – boas e ruins – permanecem em nosso corpo. Nós ficamos no tapete para que eles se levantem do fundo.

Às vezes é uma sensação de alegria, de força, com a qual você convive por mais alguns dias após a prática. Às vezes você sente que está praticando em uma densa nuvem de pensamentos negativos, memórias que esperava esquecer e sentimentos que parecia estar superando.

Aposto que quando você veio para a primeira aula, você não tinha ideia de que seria assim.

Quando isso acontece, a ioga deixa de parecer uma foto de um folheto publicitário. Você não está sentado na posição de lótus cheio de sabedoria. Você arruma seu tapete, pega uma toalha encharcada de suor e não tem vontade de dizer algumas belas frases de despedida para seus vizinhos. Você quer ficar sozinho, em silêncio, e pensar.

4. Este é o treinamento do seu futuro

Há uma razão pela qual o yoga é chamado de prática. O que acontece com você no tatame é um treinamento de como você se comporta fora das paredes do salão.

Lembre-se de respirar fundo enquanto estiver no trabalho ou no carro. Quando você pratica ioga regularmente, descobrirá que tem força para lidar com muitos problemas.

5. Yoga não é poses

Esta é principalmente uma história sobre como unir o corpo e a mente. Às vezes, as posturas mais simples são libertadoras e sentimos que finalmente estamos totalmente aqui em nosso corpo.

As aulas de ioga não garantem prazer, sempre, a cada minuto. Ficar de pé no tapete é como um convite: “Olá, mundo. E olá para mim.»

O que acontece conosco durante a prática?

Yoga não deve ser tomado como relaxamento. Todas as suas poses exigem concentração e controle.

Vamos observar uma menina sentada na posição mais simples com as pernas cruzadas. O que está acontecendo neste momento?

A menina mantém a cabeça erguida, os ombros não devem subir, como dizem os treinadores, “em direção às orelhas”, e ficar tenso. Ela deve garantir que a coluna permaneça reta, o peito não afundado e as costas arredondadas. Tudo isso requer esforço muscular. E, ao mesmo tempo, ela está completamente calma e seu olhar não vagueia, mas é direcionado para a frente, para um ponto.

Cada pose é um equilíbrio cuidadoso entre tensionar alguns músculos e relaxar outros. Por que enviar impulsos contraditórios ao seu corpo ao mesmo tempo? Ser capaz de equilibrar esses opostos – não apenas do seu corpo, mas também da sua mente.

O corpo muito flexível não tem firmeza, às vezes a falta de concentração pode causar lesões

O corpo ensina a responder às contradições não em termos de “ou-ou”. Na verdade, a decisão certa envolve muitas vezes a integração de diferentes opções, a necessidade de escolher «ambas».

Um corpo excessivamente flexível carece de firmeza e, às vezes, a falta de concentração e concentração pode causar lesões. É o mesmo nas negociações – se você for muito complacente, pode perder muito.

Mas força sem flexibilidade o deixará rígido em tensão. Em um relacionamento, isso equivale a agressão nua.

Ambos os extremos já contêm uma fonte potencial de conflito. Ao praticar em casa, em silêncio, aprendendo a conciliar impulsos opostos dentro do corpo, você transfere essa capacidade de alcançar o equilíbrio para uma vida externa cheia de desafios constantes.

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