Auto-reflexão: como desenvolver essa capacidade em si mesmo, mas não se tornar um hipocondríaco

Parece que se pudermos ouvir a nós mesmos, rastrear nossos próprios sentimentos e emoções, isso nos ajuda a entender melhor a nós mesmos e aos outros. No entanto, essas qualidades maravilhosas também têm um lado negativo, quando, devido à fixação excessiva em nosso próprio mundo interior, somos tomados de ansiedade e vivemos na expectativa constante do pior. Como chegar ao equilíbrio?

Muitos de nós vivemos sem ouvir a nós mesmos e nossos desejos. Muitas vezes isso começa na infância, quando tentamos não incomodar nossos pais e escolhemos as atividades e até as futuras profissões que eles consideram adequadas.

Isso é parcialmente conveniente – nos livramos da responsabilidade de tomar decisões. No entanto, com o tempo, inevitavelmente enfrentamos o fato de que simplesmente não nos conhecemos. Não entendemos que filme queremos assistir, se estamos interessados ​​em ler este livro, para onde ir nas férias e se amamos nosso trabalho. E vivemos o cenário da nossa vida como figurantes, quase sem sentir emoções.

“Durante muito tempo vivi como em um sonho”, lembra Svetlana. — Fui trabalhar, com o qual me cansei, e nos fins de semana ficava assistindo e lendo sem rumo tudo o que a Internet tinha a oferecer. Muitas vezes eu era atormentado por dores de cabeça, cuja natureza nenhum dos médicos conseguia explicar, e não entendia o que realmente queria. Mamãe disse que eu tenho um emprego estável e que deveria ficar aqui.

Tudo mudou de repente quando, em companhia de um amigo, fui fazer ioga e comecei a praticar a meditação. Isso interrompeu minha irrefletida corrida em círculos e me mergulhou finalmente na realidade da minha vida interior. Comecei a ouvir os sinais do meu corpo, e isso gradualmente me ajudou a entender melhor meus sentimentos. As dores de cabeça excruciantes passaram, saí do trabalho, fui para a Índia por seis meses e, quando voltei, já sabia exatamente o que queria fazer.

“Neste caso, foi a autorreflexão que ajudou a menina a se recuperar no sentido amplo da palavra: encontrar seu próprio caminho e se livrar das enxaquecas, que também não surgiram por acaso”, diz a psicoterapeuta Marina Myaus. — O estado de separação do «eu» não passa despercebido: com o tempo, o nosso corpo começa a informar-nos que a saúde física implica, antes de mais, bem-estar emocional.

A repressão de nossos sentimentos se transforma em inúmeras doenças psicossomáticas quando começamos a adoecer, sem que se encontrem lesões orgânicas. Portanto, é necessário analisar seus processos internos: desejos, motivos, motivação. No entanto, é importante saber o caminho de volta.”

O foco excessivo em si mesmo dá sensações pervertidas e mergulha em uma realidade ilusória

As tentativas de ouvir a si mesmo às vezes assumem a forma de obsessão, começam a usar um caráter obsessivo-compulsivo. Carl Gustav Jung não foi exceção, que estudou a teoria dos estados do ego mergulhando no processo de introspecção – observação intensiva de seus próprios processos mentais. Isso o levou a um estado de neurose e o forçou a parar de experimentar por um tempo. Muitas vezes, a paixão pela autorreflexão está associada a uma análise interminável do próprio bem-estar.

“Desde que meu parente próximo morreu de câncer de mama, não consigo me livrar da sensação de que algo está errado comigo”, admite Marina. — Eu estudo cuidadosamente meu corpo, e constantemente parece que encontro nódulos perigosos. Outra verificação com o médico diz que estou completamente saudável. Isso acalma por um tempo, mas, novamente, o pensamento me atormenta: a doença está em algum lugar próximo.

“Este é um exemplo clássico quando o estado de autorreflexão deixa de ser produtivo e começa a prejudicar”, diz Marina Myaus. “O foco excessivo em si mesmo dá sensações pervertidas e o mergulha em uma realidade ilusória.”

“Quando o teste de gravidez caseiro deu positivo, fiquei muito feliz. Para mim, cheiros e gostos mudaram imediatamente, parecia até que o próprio corpo estava mudando”, lembra Yana. — No entanto, os exames do médico mostraram que eu não estava grávida. E naquele exato momento, todas as sensações adquiridas de repente desapareceram.

Mesmo sucumbindo a experiências agradáveis, corremos o risco de distorcer a imagem real de nossas vidas. Como sair do estado de auto-reflexão prolongada? Experimente um exercício em que você primeiro se elogia por ser capaz de olhar profundamente para o seu Eu, porque essa é uma habilidade importante que não deve ser perdida. Você aprendeu a ouvir e entender a si mesmo – e esta é sua grande vantagem. No entanto, agora é importante aprender a “emergir” desse estado. Para fazer isso, tente mudar seu interesse das experiências internas para o mundo exterior.

“Deixe que o foco da atenção seja direcionado para tudo o que o cerca no momento”, sugere o especialista. — Se estiver sentado à mesa tomando chá, concentre-se no sabor da bebida, no conforto de sua postura, nos cheiros, sons e cores ao seu redor. Você pode gravá-lo para si mesmo ou descrevê-lo mantendo um diário especial para isso. Gradualmente, você começará a sentir que está no controle de sua consciência estar dentro ou fora. Ambas as condições são importantes para o nosso equilíbrio emocional e bem-estar.”

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